A notícia que apareceu nessa semana foi que a empresa Goodyear desenvolveu um pneu que pode rodar quase 500.000 km!
São vários os motivos para nos preocuparmos com a qualidade ambiental de um pneu. Nos últimos anos a taxa de produção foi de quase 3 bilhões anualmente!
Dessa maneira as empresas que fabricam pneus têm procurado melhorar os índices ambientais dos seus produtos.
A Pirelli conseguiu um avanço na sustentabilidade com a introdução do primeiro pneu do mundo com certificação ambiental. O novo pneu equipará um modelo BMW que é híbrido. A implementação dessa certificação dá uma garantia de que a borracha natural nestes produtos é proveniente de florestas ou plantações com condições de trabalho seguras e sem desmatamento ou outros danos ambientais.
A Michelin visa reduzir o impacto ambiental de um pneu com o projeto de um pneu 100% sustentável até 2050. Para atingir essa meta a Michelin realizou uma Análise de Ciclo de Vida (ACV) (desde a escolha das matérias-primas até às soluções de reciclagem de pneus) para entender onde estão as possibilidades de melhoria sem o comprometimento do desempenho.
A Goodyear se associou a Citroën (no desenvolvimento de um carro conceito o Oli) para produzir um pneu e utilizou vários materiais sustentáveis.
Esses materiais sustentáveis ou reciclados incluem óleos de girassol e resinas de pinheiro em vez de óleos derivados do petróleo, e borracha natural da árvore Hevea brasiliensis como um substituto para a borracha à base de petróleo. A sílica de cinza de casca de arroz também apresenta características para reduzir a quantidade de resíduos da indústria de processamento de arroz que chega aos aterros sanitários além de diminuir o desgaste da banda d rodagem. Esse novo conceito pneu pode ser recauchutado duas vezes ao longo de sua vida, podendo chegar a 500.000 km rodados.
A casca de arroz utilizada na composição do pneu muito provavelmente atua como a alumina (Al2O3) presente nos materiais compostos(ou compósitos) com matriz de alumínio. Os compósitos de matriz de alumínio (AMC em inglês) reforçados com partículas cerâmicas, a alumina, têm melhores propriedades mecânicas em comparação com o alumínio não reforçado ou puro ou as suas ligas. Os AMC têm alta resistência, baixa densidade, boa resistência à fadiga e ao desgaste.
Assim, o pneu com casca de arroz visa buscar essas mesmas propriedades mecânicas na banda de rodagem.
As grandes empresas do ramo de pneus no mundo todo estão gastando tempo e energia no sentido de produzirem pneus com menores impactos ambientais. Uma delas inclusive, a Michelin, realizou uma ACV para ter uma visão mais ampla e clara dos impactos.
Descobrir quais são os impactos ambientais do seu produto ou do seu processo é o primeiro passo para a busca da solução do problema.
Um artigo científico de revisão de ACV feita sobre pneus descobriu que, os impactos ambientais de um pneu de automóvel de passageiros durante o ciclo de vida, a fase de uso dos pneus representa 87% de todos os impactos, enquanto que a fase de produção é responsável por 12%. Os resíduos de pneus e outros processos em fim de vida (sem considerar os benefícios da recauchutagem) contribuem para 0,69%. A fase de menor contribuição é o transporte, que representa apenas 0,22%. A fase de uso apresenta os seguintes impactos: mudanças climáticas, acidificação, oxidação fotoquímica e eutrofização.
Assim, a busca por produtos melhores ambientalmente afetará para melhor diretamente a fase que mais impacta na vida de um pneu. As maiores produtoras mundiais de pneus sabem que a etapa do ciclo de vida a ser melhor trabalhada é a fase do uso e a busca por melhores matérias primas melhora significativamente esta fase da vida.
Life cycle assessment of vehicle tires: A systematic review
Volume 2, June 2021, 100033
ALUMINIUM METAL MATRIX COMPOSITES - A REVIEW
Rev.Adv.Mater.Sci.38(2014)55-60
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