Na década de 90 havia um seriado em que um dos atores era chamado, em casa, carinhosamente de George, talvez por ser o mesmo nome de meu avô minha mãe gostava dele. Ela dizia que ele seria famoso. Ele era George Clooney.
photo by Jayson Mellon NatGeo apr 2006
Em um dos seus filmes, ele salva o mundo de explosões de bombas atômicas soviéticas, que haviam sido roubadas. Ele conta com a ajuda da linda e talentosa Nicole Kidman. O filme é O Pacificador, The Peacemaker no original, de 1997.
Na vida real, com o término da Guerra Fria no final da década de 80, a Rússia anuncia (no início de 1990) que guardará em abrigos boa parte do seu arsenal nuclear. Um professor de um famoso instituto americano, o MIT, imaginou que as armas atômicas soviéticas não estariam bem armazenadas, não haveria nem gente, nem locais e nem dinheiro suficiente para guardá-las em segurança. Isso poderia deixar algumas pessoas tentadas a vendê-las ou a facilitar seu roubo e aconteceria algo parecido ao ocorrido no filme.
A ideia maravilhosa deste professor, Thomas Lee Neff, para que catástrofes nucleares como aquelas planejadas no filme não acontecessem foi utilizar o urânio presente nas bombas para se fazer combustível de usinas nucleares. Sua ideia foi reciclar o urânio enriquecido das bombas, e transformá-lo em urânio empobrecido para as usinas nucleares que geram eletricidade.
O urânio encontrado na natureza se apresenta na forma de dois tipos diferentes de isótopos o 238U com 99,2% e o 235U com uma concentração de 0,72%. Tanto para se fazer combustíveis nucleares como para bombas o urânio utilizado é o U235, então é necessário concentrar o urânio que está na natureza. Este processo se chama enriquecimentodo do urânio. Para o combustível nuclear o enriquecimento fica entre 3 a 5% e, para artefatos nucleares acima de 90%.
By WILLIAM J. BROAD, NYT
Em 1995, o governo americano quis por a idéia em prática, e para isso criou um programa, o The Megatons to Megawatts, uma parceria comercial/financeira entre o governo e a indústria para gerar fundos com a função de pagar o desmantelamento das armas atômicas, diluir o urânio e pagar ao governo russo pelo urânio. Foram gastos US$ 18 bilhões, este número não é preciso e os valores mudam de acordo com o documento, nessas tarefas e 20.000 artefatos nucleares foram transformados em 14.000 toneladas de combustíveis nucleares para usinas atômicas. Foram 250 viagens de navios carregados durante os 18 anos de programa. O urânio obtido desta forma gerou( e ainda gera) energia elétrica para uma em cada 10 lâmpadas nos Estados Unidos.
Assim como George não recebeu um agradecimento mundial pelo esforço feito para salvar a vida de alguns milhares de seres bípedes o professor Neff também não é mundialmente reconhecido, neste último caso é realmente uma pena.
NatGeo aug 2005
No Brasil, temos muito o que fazer nas áreas de geração e de distribuição de energia elétrica. Começa pela definição de qual deva ser a matriz energética do país, esta é uma escolha que interfere o desenvolvimento a longo prazo. Para que lado vamos crescer? Quais as tecnologias deverão ser estudadas? Quais empresas devem se preparar? Alguns desses geradores de energia como o álcool entram e saem da lista assim como a energia nuclear. A energia criada a partir das barragens e pela energia potencial acumulada pela água, é vista pelo mundo como uma energia limpa e, internamente é motivo de discuções e brigas judiciais não somente com os ambientalistas como também pelos órgãos públicos.
Alguns textos de referência para quem quiser se aprofundar no assunto.
National Geographic, april 2006 an aug 2005
http://nyti.ms/1fiqu7T From Warheads to Cheap Energy
Thomas L. Neff’s Idea Turned Russian Warheads Into American Electricity
By WILLIAM J. BROADJAN. 27, 2014
20 January 2014 Last updated at 12:48 GMT
Comments